quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

“O corpo natural, em simbiose com os sistemas naturais, condicionado exclusivamente ou prioritariamente por ciclos biológicos, não existe mais como o conhecíamos. Tornou-se signo condicionado pela dinâmica das mídias, ou seja, tornou-se construção cultural (...) Somos artificiais em nossa fala, em nossa gestualidade e na maneira como nos vemos no espelho multiplicador de signos e de códigos morais. No entanto ardemos, por herança biológica, de uma instintiva chama de vitalidade: o desejo de ser desejado. É a partir desse vórtice carnal que a psicologia, aplicada à maneira como os corpos são exibidos e se movem uns em relação aos outros precisa ser pensada. A autora (Beatriz Ferreira PIRES) insere sua abordagem nessa perspectiva quando vê a modificação intencional do corpo pelas tatuagens e perfurações como meio para o desejo de se tornar um ser uno, integrado, visto, respeitado e desejado na diferenciação, no destaque de um todo neutralizado por padrões estéticos homogeneizantes” (BOCCARA apud PIRES, 2005, p. 10-12).


BOCCARA, Ernesto G. In: PIRES, Beatriz Ferreira. O corpo como suporte da arte: piercing, implante, escarificação, tatuagem. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2005.

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