sexta-feira, 13 de maio de 2011

MEU CORPO PARADOXAL


“(...) um corpo metafenômeno, visível e virtual ao mesmo tempo, feixe de forças e transformador de espaço e de tempo, emissor de signos e transsemiótico, comportando um interior ao mesmo tempo orgânico e pronto a dissolver-se ao subir à superfície. Um corpo habitado por, e habitando outros corpos e outros espíritos, e existindo ao mesmo tempo na abertura permanente ao mundo através da linguagem e do contato sensível, e no recolhimento de sua singularidade, através do silêncio e da não-inscrição. Um corpo que se abre e se fecha, que se conecta sem cessar com outros corpos e outros elementos, um corpo que pode ser desertado, esvaziado, roubado da sua alma e pode ser atravessado pelos fluxos mais exuberantes da vida. Um corpo humano porque pode devir animal, devir mineral, vegetal, devir atmosfera, buraco, oceano, devir puro movimento. Em suma, um corpo paradoxal. Este corpo compõe-se de uma matéria especial que tem a propriedade de ser no espaço e de devir espaço, quer dizer de se combinar tão estreitamente com o espaço exterior que daí lhe advém texturas variadas: o corpo pode tornar-se um espaço interior-exterior produzindo então múltiplas formas de espaço, espaços porosos, esponjosos, lisos, estriados, espaços paradoxais de Escher ou de Penrose, ou muito simplesmente de simetria assimetria, como a esquerda e a direita (num mesmo corpo-espaço, portanto)” (GIL, José. Movimento total – O Corpo e a Dança.Trad. Miguel Serras Pereira. Lisboa: Relógio D’Água Editores, 2001, p. 68-69).

segunda-feira, 9 de maio de 2011

“O processo criador é um percurso com ‘um objetivo a atingir, um mistério a penetrar’, de acordo com Picasso” (SALLES, Cecilia Almeida. Gesto inacabado: processo de criação artística. São Paulo: FAPESP: Annablume, 2009, p. 33).

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Palavra-voz-corpo-pensamento


"Ouvi mais de um cirurgião queixas sobre pacientes que chegam a seus consultórios exigindo que fiquem 'parecidas com Sharon Stone'" (p. 212)

"Fiz uma plástica com cada marido" (p. 220)


"(...) depois é que eu fiz a prótese da mama, fiz lipo, essas correções de que ela necessitava, não porque ela necessitava ser perfeita, necessitava para ganhar mais facilmente (...) a perfeição necessária de medidas de apresentação para que ela subisse rapidamente na vida" (p. 224)


"Cada vez que levantava e me olhava no espelho, 'não é possível, ah (...) acordar com essa cara, não quero acordar mais não' (risos)" (p. 229).


"A face, entre as regiões do corpo, é a que mais identifica o ser com o mundo. De certa forma, seria o espelho que reflete a essência do ser" (p. 229)


"O corpo é igual à casa, perde o valor e tem que reformar" (p. 230)


"Emagreci e aumentei meus seios. O meu corpo é minha melhor arma" (p. 239)


"Ela está rica, ela está superbem, fez lipo, botou silicone, fez não sei quantos tratamentos de pele e cabelo, e você olha pra Carla Perez e você não olha pra uma mulher fina. Vê uma moça de nível mais baixo. A maneira dela rir, de falar, de se posicionar, acho que ela não tem muita classe, as coisas que ela usa (...)tudo, ela não é uma mulher que tem nível (...) ela é igual aos jogadores de futebol" (p. 256)


(In: EDMONDS, Alexander. No universo da beleza: Notas de campo sobre cirurgia plástica no Rio de Janeiro. In: GOLDENBERG, Mirian (org.). Nu & Vestido: dez antropólogos revelam a cultura do corpo carioca. Rio de Janeiro: Record, 2007, p. 189-261.)