domingo, 13 de fevereiro de 2011

Eu sou Jesus Cristo


"É certo que o nascimento do monoteísmo é marcado pela luta contra o culto das imagens. A realidade absoluta, o além, o Deus bíblico são puras palavras. Deus é transcendente, inteiramente diferente dos homens e dos vivos, sem figura sensível. Daí a proibição das imagens no segundo mandamento. Entretanto, tudo muda com o cristianismo, porque Cristo é Deus, mas é também um homem visível. 'Jesus lhe disse: Aquele que me viu viu o Pai' (João, XIV, 8-9). E Paulo, na Epístola aos Colossenses (I, 15-20), vai ainda mais longe: 'O Filho é a imagem do Deus invisível'. Desde então, toda a história das imagens no Ocidente confunde-se com as diferentes interpretações possíveis dessas palavras. (...) se a questão das imagens é central na história do Cristianismo (...) é porque o mistério da Encarnação (que é o fundamento do cristianismo) reproduz o mistério, ou melhor, o mecanismo da imagem. Cristo é o Deus-Homem, é Verbo e Carne ao mesmo tempo; é o Filho visível do Pai invisível, duas naturezas em uma só pessoa, como a própria imagem - como toda imagem, qualquer que seja" (WOLFF, Francis. Por trás do espetáculo: o poder das imagens. In: Novaes, Adauto (org.). Muito além do espetáculo. São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2005. p. 35-36).

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